O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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06/10/06

38-Armando de Vilhena Torre do Valle


Armando de Vilhena Torre do Valle, filho mais novo de Marcolino José de Barros e Vasconcelos Lobo da Torre do Valle e de Maria João Cabau de Vilhena, nasceu a 3 de Maio de 1888 no Porto, freguesia do Bonfim, casando por procuração com Ema de Almeida Campos. Foi um dos pioneiros da aviação civil em Moçambique, um dos fundadores do Aeroclube da Colónia de Moçambique em 1928.

A 1 de Abril de 1933 Torre do Valle acompanhado por Amadeu de Araújo, num DeHavilland Puss Moth de 110 cavalos, baptizado por "Gaza III", liga Lourenço Marques a Inglaterra via Egipto e Lisboa, perfazendo 14 413 quilómetros em 85,15 horas. Foi o maior raid aéreo desportivo realizado em Portugal. Torre do Vale tinha apenas 350 horas de voo e Amadeu Araújo era somente aluno-piloto. Partiu de Vila João Belo, passando Lourenço Marques e Chinde, ainda em terras Moçambicanas, Blantyre, Mpika, Mbaya, Dodoma, Nairobi, Juba, Malakal, Kartum, Wadi-Haifa, Cairo, Bengasi, Gabes, Fez, Tânger, Alverca, Madrid, Biarritz, Paris e Londres. Durante o voo foi obrigado a uma paragem forçada na capital sudanesa que se prolongou durante um mês devido a biela partida), tendo o motor sido reparado numa oficina de automóveis.

Em 1936 Torre do Vale associa-se a Manuel Maria Rocha, outro pioneiro da nossa aviação, para formar a Aero-Colonial, com a finalidade de efectuar uma ligação semanal entre Lourenço Marques e o Lumbo, no norte de Moçambique.

Personalidade incontornável, teve uma existência cheia de aventuras, distinguindo-se pelas suas proezas cinegéticas em África, em especial como caçador de elefantes. Morreu a 16 de Setembro de 1937, trucidado por um elefante solitário que tentara abater durante uma caçada. Ficou conhecido como o "Pai da aviação Civil Moçambicana". O seu espólio aeronáutico foi oferecido recentemente pela sua filha Maria de Lourdes de Almeida Campos Torre do Vale ao Aeroclube de Moçambique.

Enviado por: José Vilhena
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